A recente aprovação de uma lei que proíbe o uso de celulares em salas de aula de todo o Brasil tem gerado grande debate entre educadores, pais e alunos. A legislação, sancionada pelo Congresso Nacional e validada pela presidência, foi criada com o objetivo de melhorar o desempenho dos estudantes e fortalecer a disciplina nos ambientes escolares. O texto prevê exceções apenas para atividades pedagógicas sob orientação dos professores ou em situações de emergência, deixando claro o desejo de restabelecer foco e ordem nas aulas.
Segundo especialistas em educação, o uso excessivo de dispositivos móveis vinha sendo apontado como um dos principais responsáveis pela dispersão dos alunos durante as aulas. A pesquisadora Marta Ribeiro, da Universidade Federal do Paraná, afirma que "o celular, muitas vezes, impede que os estudantes se concentrem integralmente no conteúdo trabalhado, comprometendo o rendimento escolar". Diversos estudos corroboram essa afirmação, indicando que a presença dos equipamentos pode gerar quedas nas notas e aumento da desatenção.
Por outro lado, há professores que se mostram cautelosos em relação à nova regulamentação. Para Fernando Souza, docente da rede pública do Rio de Janeiro, "é importante ter regras, mas a proibição total pode ser um retrocesso". Ele destaca que o celular, quando usado de maneira planejada, pode ser um aliado no processo de aprendizagem. Muitas escolas, inclusive, já implementavam iniciativas de uso controlado para pesquisas rápidas e exercícios interativos.
Entre os pais, as opiniões também se dividem. Maria da Conceição, mãe de dois adolescentes, aprova a medida, alegando que já não conseguia controlar o tempo de tela dos filhos. "Com a proibição, acredito que o estudo vai render mais e minha filha ficará menos distraída", comenta. Em contrapartida, há responsáveis que consideram o celular uma ferramenta de segurança, principalmente para monitorar situações de emergência ou se comunicar com os filhos após o término das aulas.
Os estudantes se mostram ainda mais ambivalentes em relação à novidade. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Estudantes Secundaristas (ABES) revelou que quase 60% dos entrevistados são contra a proibição total. Muitos relatam que utilizam o celular não apenas para lazer, mas também para acessar materiais didáticos, gravar anotações ou participar de grupos de estudos on-line durante intervalos. Para eles, a medida pode limitar a autonomia e a criatividade.
No âmbito escolar, os diretores apontam desafios logísticos na aplicação da lei. Algumas instituições já discutem como irão proceder na fiscalização e no armazenamento dos aparelhos durante o horário de aula. O diretor Cláudio Mota, de uma escola em Belo Horizonte, teme que a proibição traga conflitos com os alunos. "Será necessário investir em orientação e diálogo para evitar situações constrangedoras ou punições excessivas", ressalta.
Além da questão prática, psicólogos educacionais alertam para o risco de a medida não resolver problemas de fundo, como o desinteresse dos alunos pelas metodologias tradicionais de ensino. A psicopedagoga Silvia Leal afirma que "a proibição sozinha pode gerar resistência e rebeldia, sem proporcionar alternativas de engajamento real no processo de aprendizagem". Segundo ela, mudanças pedagógicas e a oferta de atividades mais interativas são passos essenciais para o sucesso da nova política.
Os defensores da proibição destacam exemplos internacionais para respaldar a iniciativa brasileira. Países como França e Itália já restringem o uso de celulares nas escolas há alguns anos, registrando melhorias em indicadores de rendimento acadêmico e redução de casos de bullying virtual. Contudo, especialistas afirmam que o contexto brasileiro apresenta particularidades, como desigualdades de acesso à tecnologia e diferentes realidades educacionais entre regiões, o que pode influenciar os resultados da lei.
Diante desse cenário, o Ministério da Educação promete acompanhar de perto a implementação da legislação, promovendo pesquisas para avaliar os impactos reais da norma nas diferentes redes de ensino. Paralelamente, estão sendo planejadas campanhas de conscientização voltadas para alunos, famílias e profissionais da educação, incentivando o uso responsável da tecnologia. Apesar das divergências, o tema coloca em pauta a importância de repensar o papel dos dispositivos eletrônicos na formação das novas gerações no Brasil.

